Texto de Marco Fialho A Filha do Palhaço , novo filme do cearense Pedro Diógenes, um egresso do criativo ajuntamento cinematográfico Alumbramento, reafirma a temática interpessoal como a mais forte de sua recente filmografia solo. A busca por uma narrativa terna marca uma abordagem que antevê as relações humanas dentro de um espectro contemporâneo marcado pela diversidade de gêneros. Pai e filha estão no centro da narrativa e da mise-en-scène de A Filha do Palhaço , Joana (Lis Sutter) e Renato (Démick Lopes). Pedro Diógenes constrói um filme sobre a aproximação desses dois personagens que anseiam resgatar um tempo perdido pela ausência forçada pelos caminhos imprevisíveis e tortuosos da vida. Na reconexão entre pai e filha está a beleza de uma narrativa fluente que Diógenes impõe ao seu filme. Como já havia feito em Inferninho (2019), Diógenes faz uso de uma fotografia que por vários momentos é impregnada por um universo que beira o onírico e muito realiza isso por meio de Silvanelly,
Texto de Marco Fialho O Mal Não Existe é o filme mais engajado politicamente do diretor japonês Ryusuke Hamaguchi. Depois de obras mais filosóficas e existenciais como Roda do Destino (2021), Drive My Car (2021), Asako I & II (2018), o diretor aterriza na denúncia contra o ambicioso mundo da impessoalidade e arrivismo capitalistas. O que Hamaguchi imprime uma narrativa exponencial amparada em um misto de encanto e revolta. Em O Mal Não Existe vemos um diretor em franco processo de amadurecimento técnico, apegado à simplicidade e disposto a colocar as cartas na mesa. A história narra a vida de uma pequena comunidade que vive à margem de uma floresta próxima a Tóquio, moradores conscientes dos benefícios de se ter uma vida com acesso a uma água límpida, todos usuários sustentáveis dos bens naturais que o cercam. Takumi (Hitoshi Omika) é o personagem central, que vive isolado com sua jovem filha de 12 anos e o maior conhecedor da natureza do local. A implantação de um grande hotel